DOR NA AMAMENTAÇÃO
Cristina Pincho

A minha cruzada contra a dor na amamentação

Tenho uma cruzada em relação à dor na amamentação: amamentar não tem de doer! Se a maior parte das vezes dói? Dói e dói muito. 

Tal como se eu puser a mão numa panela a escaldar também me vai doer e doer muito. A diferença é que eu não vou deixar a minha mão na panela a escaldar, vou retirar rapidamente e corrigir o que está mal e a causar a dor. 

Com a amamentação deveria ser assim também. Se está a doer vamos resolver a situação. No entanto, no caso da amamentação é assumido por quase todas as pessoas que a amamentação tem de doer, que no início dói sempre e que temos de ser fortes até nos habituarmos e esperar que passe. 

Parece que só somos boas mães se passarmos por este sofrimento físico. Mas a dor é um sinal de que qualquer coisa não está bem e serve de aviso para que possamos resolver a situação. A questão é que como é assumido que a amamentação por definição dói, as pessoas não procuram ajuda e ficam à espera que passe acabando muitas vezes por haver resultados catastróficos causados por uma cascata de acontecimentos que teriam sido de todo evitados se tivéssemos dado ouvidos à dor inicial.

Quantas vezes não me acontece vir uma mãe à consulta por estar com dor e a avó da bebé, que a acompanha, está com um ar paternalista a dizer: “É mesmo assim, filha, isto dói muito, também foi assim comigo, mas depois passa”.

A dor a amamentar não é normal nem faz parte do processo, apesar de ser bastante comum. Não podemos ignorar ou subestimar a dor na amamentação. No geral, quando falamos de dor, consideramos que ela é um sintoma de uma condição subjacente. No caso da amamentação temos de partir do mesmo pressuposto. Um fator crucial para que a amamentação seja indolor para a mãe, e que o bebé consiga extrair leite de forma eficiente é a adaptação do bebé à mama - a pega. 

Repito: a amamentação não tem de doer. Uma boa pega pode ser a diferença entre uma amamentação dolorosa ou prazerosa. Na maior parte dos casos corrigir a pega é o que basta para retirar toda a dor. Nos casos de dor persistente é preciso investigar a causa e possivelmente usar outras técnicas ou mesmo procurar ajuda de outros profissionais. Um consultor de lactação trabalha em equipa com profissionais de outras áreas, pois muitas vezes é necessário um verdadeiro trabalho de equipa para resolver uma situação. 

Para mais informações sobre a consulta de amentação, clique aqui.
 

Cristina Pincho

Mãe de cinco filhos. Licenciei-me em Ciências Sociais, nas áreas de Política Social e de Psicologia. Desde 1990, altura que engravidei da minha primeira filha, dediquei-me a questões relacionadas com a maternidade e primeira infância. A partir de 1996, com mais bagagem de informação e confiança como mãe, comecei a desenvolver projetos mais formais, pioneiros em Portugal, para apoiar mães e bebés. Assim, sou Doula, Educadora perinatal, Instrutora de massagem para bebé e especializei-me no apoio à amamentação, sendo Consultora de Lactação Certificada (IBCLC).

Gosto de pensar que contribuo para a tomada de decisões conscientes e informadas por parte da grávida/casal, além de transmitir segurança e tranquilidade numa das fases mais bonitas da vida, tudo isto para que o bebé possa ter o melhor começo possível. Essencialmente vejo-me como defensora do bebé e facilitadora da relação única que se pode estabelecer entre a mãe e o bebé. Acredito que se começarmos o mais cedo possível, na preparação para o nascimento, tranquila e individualizada, melhores serão os resultados